Hoje, tive algum tempo disponível (leia-se, em Greve) para navegar pela net e conseguir colocar algumas leituras em dia.
Das leituras de hoje, sublinho um aspecto que me parece significativo: a par das notícias sobre a crise, sobre a falência dos mitos capitalistas do “fim da história” e do sacrossanto mercado como receita para todas as maleitas, pequenos apontamentos sobre a luta dos trabalhadores portugueses e a jornada nacional de luta convocada pela CGTP-IN, os órgãos de comunicação social portugueses dão-nos conta de um esforço enorme de promoção do anticomunismo.
Não resisto a dar alguns exemplos deste suado empreendimento que tem como alvo o PCP:
O Expresso Online brinda-nos com duas reportagens.
Uma sobre o lançamento do livro
“Carlucci vs. Kissinger", que diz revelar alguns segredos da actuação dos Estados Unidos durante a revolução portuguesa, em cuja apresentação participou Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República que, de acordo com o Expresso, «sublinhou "o papel central" atribuído por Carlucci "a Mário Soares e ao Partido Socialista", bem como o seu estreito relacionamento com a Igreja Católica», papel central na contra-revolução e na destruição das conquistas do Povo e dos Trabalhadores Portugueses. Também, de acordo com Carlucci, as «razões do sucesso na luta contra o comunismo e pela democracia, "devem ser concedidos ao povo português e a Mário"».
A outra, sobre o incansável Pacheco Pereira, desta vez em Maputo, a espalhar a sua sabedoria e «história», afirmando que o
«PCP foi "tragédia" no processo de descolonização», e mais, de acordo com palestrante: «"Uma das heranças que o PCP e a União Soviética deixaram, em muitos aspectos trágica, foram partidos e regimes comunistas. Basta olhar para a bandeira de Angola, para a bandeira de Moçambique para ver a simbologia comunista, uma versão da foice e do martelo"», é de facto trágico, digo eu!
Tão bem que esses Países estavam governados pela União Nacional e pela bandeira portuguesa.
Descontente com as bandeiras destes Países, certamente desenhadas pelo Comité Central do PCP, Pacheco Pereira dá-nos a conhecer as razões do seu pensamento, ao contrário que se possa julgar não é anticomunista, é ignorante, confessando esse facto cada vez que exige a abertura dos arquivos partidários.
Se o PCP abrisse os arquivos, talvez o intelectual ex-esquerdista descobrisse que tragédia foi o colonialismo fascista, a guerra colonial, a brutal exploração e opressão a que esses povos foram sujeitos. Assim, não se pode pedir mais ao pobre «historiador».
Para terminar, de acordo com a Lusa,
«Daniel Serrão publica livro onde acusa PCP de "saneamento político" em 1975», o médico, servindo-se das instalações da Ordem dos Médicos, desafia o PCP a apresentar um pedido desculpas ou a provar inocência das acusações feitas.
Daniel Serrão, mais uma vítima do PCP, «"Assassinado, forçado a sair do país, demitido ou submetido", garante Daniel Serrão que "essas quatro vias foram consideradas seriamente", tudo porque, assegura, se opôs à alegada tentativa comunista para tomar conta da FMP e do Hospital de S. João».
Se procurar um pouco mais, certamente, encontrarei mais e, talvez mais interessantes, apontamentos sobre o perigoso trabalho levado a cabo pelos «democratas» nessa sua cruzada contra o perigo vermelho.